O Tango de lá e a bossa daqui

domingo, 15 de julho de 2007

Bits para o tango de lá e para a bossa daqui

Rodrigo Pinto – Globo Online

RIO – Se na Argentina o tango chega aos tímpanos dos mais jovens de carona na música eletrônica , no Brasil, pode-se muito bem dizer, o mesmo ocorre com a Bossa Nova. Nos últimos anos, o que houve de mais palpitante no gênero consagrado por Tom Jobim e João Gilberto para o grande público foi o embalo eletrônico que Bebel Gilberto – muito ajudada pelos produtores Apollo 9 e o falecido Mitar Subotic, o Suba – e mais recentemente o DJ Marcelinho da Lua sacaram para aditivar o gênero ipanemense.

No Brasil, os vapores eletrônicos foram recebidos sem grande choradeira saudosista. Talvez porque o país esteja mais habituado á mistura de sua música a gêneros internacionalizados. Ou ainda porque os indutores da retomada bossanovista sejam brasileiros natos – à exceção de Suba, iugoslavo que se radicou no Brasil em 1990: Bebel, filha do mestre, Da Lua, que colocou o simpático João Donato na trilha dos bits, Kátia B e, mais recentemente, Marcos Valle, com seu ‘Jet Samba’. Sem falar nos muitos remixes – especialmente dos DJs Kruder & Dorfmeister e das coletâneas “Café del mar” – de gravações de Astrud Gilberto, que usaram os originais da cantora em novas versões, o que lhes garantiu sotaque verde e amarelo.

Na Argentina, numa ironia semelhante à que, muitas vezes, atribui a paternidade do tango aos uruguaios – ou repete, à exaustão, que o maior intérprete, Carlos Gardel, era francês -, o gênero respirou a renovação por fortes ventos de fora. O Gotan Project ( ouça ), que estive no Brasil no TIM Festival de 2003, nasceu em Paris em 999 pelas mãos dos DJs Phillipe Cohen-Solal (francês) e Christoph Müller (suíço).

– O que estamos fazendo é trazer o tango de volta às pistas de dança. E atraindo um público novo para ele. Afinal, somos tão influenciados por Piazzolla como por Kruder & Dorfmeister – disse Cohen-Solal ao jornalista Carlos Albuquerque , antes da chegada do grupo ao Brasil, em 2003.

Já o Bajofondo tem suas raízes no Uruguai, na Argentina e na França, a tríade máxima do tango. E junta talentos do como o argentino Gustavo Santaolalla, indicado ao Oscar 2006, e o uruguaio Jorge Drexler, vencedor do Oscar 2005 com “Al otro lado del rio”, trilha de “Diários de Motocicleta”. Tem ainda – e cada vez mais presentes – as mãos do pianista e produtor francês Luciano Supervielle, que dá nome ao segundo disco do grupo ( ouça aqui ).

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